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segunda-feira, 31 de maio de 2010

O mendigo das Estrelas

Aos gritos de socorro, um velho maltrapilho era carregado pelos homens de preto. Aquele shopping não era um lugar onde se poderia vagar normalmente com aqueles trajes. “Por que estão me levando? E para onde?” perguntava o velho.

Sem dizer uma palavra, o velho foi posto para fora do shopping.

Ninguém sabia com ele foi parar lá dentro... Nem ele mesmo poderia explicar...

- Houve algum engano... Não era para eu vir parar nesse planeta...

Ouvindo aquele reclame, um segurança daquele famoso shopping o segura pelo braço e o encaminha até a delegacia. Lá, o delegado começa a questioná-lo:

- Nome?

- Kaputzl.

- Eu estou falando sério, velho de merda!

- Por que eu haveria de brincar, senhor?

- E de onde você veio?

- Vocês chamam de Plutão.

- Tá me achando com cara de quê, seu mendigo?

- De um terráqueo, senhor...

Depois de muita surra, o delegado resolveu encaminhá-lo a um hospital psiquiátrico.

Lá nesse hospital, trataram-no como um louco perigoso. Deram os mais poderosos sedativos. Mas não adiantava. Seu nome ainda era aquela coisa difícil de dizer e seu planeta não era o nosso.

Os dias foram passando. As semanas foram passando. Uma grande rebelião no hospital foi iniciada por um colega de quarto. Várias pessoas morreram na grande queimada provocada pela queima dos colchões. Mas, sem maldade alguma, seu companheiro o culpou e ele não negou. Foi julgado e condenado na prisão de verdade. Só a morte lhe caberia, decidiu o juiz. Foi, então, no dia dezesseis de março que os preparativos da cadeira da morte foram iniciados. Havia três pessoas que sabiam de sua inocência. Uma era o verdadeiro incendiário, que agora comemorava sua total liberação de culpa. Outro era o policial que não importava qual dos detentos seria sacrificado. O último era o seu amigo da sela ao lado. Tentou ao máximo provar sua inocência até que foi impedido pelo próprio condenado.

- Deixe que me levem... Não tente impedir. Eu preciso ir. Aqui não é o meu lugar. Dizem que sou louco porque vim de um outro planeta e eles ainda não entendem. Milhões de pessoas morrem por ano por doenças, fome, pobreza e o mundo se junta contra o terrorismo. Deveria fazer o mesmo com esses problemas... Uma união que causará ainda mais mortes. Guerras e preconceitos nunca deixarão de existir aqui. Prefiro ir e não ver aonde isso vai dar.

Enquanto o amarravam em sua cadeira da partida, ele apenas repetia:

- Por favor, se não acreditam que não sou louco, ao menos deixem vocês de serem loucos!

A cadeira foi ligada e seus olhos estavam vendados para que não saltassem dos seus lugares, seus braços presos aos braços da cadeira evitavam que o corpo pulasse durante a eletrocussão. Um líquido branco lhe saía pelos olhos por debaixo da venda, sangue jorrava de vários lugares, difícil saber exatamente de onde... Seus poros se dilatavam horrendamente.

Todos os espectadores pareciam orgulhosos do que viam. Menos o seu amigo que gritava do outro lado da sala:

- Ele não é louco! Ele é inocente!

Mas há essa hora já não os interessava mais. A sentença já havia sido cumprida...

Não sei se por coincidência, mas naquele dia, uma estrela cadente rasgou o céu de uma maneira especial e sua calda laranjada gerava outras várias estrelas...

Rafael Albuquerque

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