Ele não estava à procura de um novo amor. Ela não queria fazer aquele curso. Ele, sozinho; muito bem, obrigado. Ela, dona de uma beleza singular e inexplicável. Não viam muito mérito um no outro. Ele fez de tudo para resistir a essa moça tão bela. Mas, como? Como lutar contra uma mulher tão exótica? Ele também não sabia a resposta. E não resistiu.
Ela lhe fazia tão bem... Fazia com que ele se sentisse poderoso. Vaidade.
Romance. A vida era uma poesia. Eram muito diferentes e isso causou muitas discórdias. Ele, pura desorganização; ela, ciúme sem limite. Brigavam muito. Houve tragédias que jamais poderiam ter acontecido. Mas, seu amor por ela se tornou tão grande, tão inimaginável que nada no mundo serviria para medi-lo. Esse amor o cegava. Cego, a ponto de esquecer as ofensas, as feridas. Ele a amou, e a nada mais.
Ele lhe fazia várias demonstrações públicas de carinho. Confissões que não eram retribuídas. Ele se entristecia com freqüência por isso. No entanto, sentia que ela o amava, e isso já era o seu paraíso. Acreditou que ela fosse uma pessoa boa. O céu o esperava do outro lado. O céu dele era qualquer lugar do mundo, desde que estivesse com ela.
Mais brigas, mais ciúmes e mais amor... Ela decidiu manter-se longe dele. A união perigosa poderia fazer mal aos dois. O estranho, é que ela fazia de tudo para ferir o rapaz. Até mesmo uma tentativa de suicídio totalmente inexplicada. Ele ficava “com o coração na mão”.
Esses e outros atos impensados daquela mulher tão amada fizeram o casal se afastar mais a cada dia.
Mas ele, amando aquela mulher mais que a si mesmo, não se importou com o que pensariam. Foi atrás dela. Voltaram a ficar juntos algumas vezes, mas as brigas não cessavam. Mas já era claro para todos, menos para ele, de que ela já não o queria mais. Fez de tudo para que o rapaz perdesse a paciência... Tudo.
Com amor, já desgastado, ele chora. Perde o emprego, acaba conseguindo um outro, longe do prazer de sua profissão. Agora, ele trabalha durante os três turnos. Chega em casa morto, e, ainda, trabalha
A necessidade cresce. Sai do seu apartamento para dividir outro com um amigo e, assim, diminuir os gastos. Ainda não tem dinheiro para manter uma família. Mas nunca desistia. Sempre sobrava mês em seu salário. Sua disposição para a vida minguava a cada minuto do seu dia. Precisava do apoio, e assim como não o deu, não o recebeu. O rompimento do relacionamento foi inevitável.
Ele não suportou aquilo que o corroia por dentro. Fez de tudo para reconquistá-la. Mas já era tarde demais... Aliás, há muito tempo já era tarde demais. O amor dela sempre fora efêmero, e a esperança dele era a de que isso pudesse mudar. Não mudou.
Tempo passou e ela conheceu outra pessoa. Seu primeiro ato foi ligar e dizer tudo que estava acontecendo. Ela está enamorada. Ele chora como criança, mas sem que ela perceba. A notícia o corta como navalhas. Mas, ele nada pode fazer...
Porém, o namoro não vingou. O triste coração leviano liga para ele novamente aos prantos. E ele, néscio, estava lá para ajudá-la.
Voltaram a sair... Flores e pedidos de casamento em seu ato mais ousado, com direito à música e muita gente presente num local muito requintado... Nada funcionou. Ele era a esperança. Ela, a indiferença. Indiferente e com o coração aberto. Conhece várias pessoas. Ele, descrente, começa a sair sozinho... Mas, em momento algum, tirava-a da cabeça. E, num maldito dia, ele resolve passar em frente à casa dela para mais uma surpresa. Mas fora surpreendido. Ele a vê dentro de um carro desconhecido, beijando outro homem.
Se ele imaginava que com ela conheceria o céu, conheceu o inferno. Sim, o inferno era ali. À porta da casa dela.
Em seu carro, ele, lentamente, pega o rumo de casa. Soluçando de chorar, briga sozinho. Pedia para que o mundo não o odiasse por amá-la. Pois ele mesmo já o faz suficientemente. Olhando pra cima, diz:
— Um dia, Ele saberá como me sinto.
Acelera o carro ao máximo. Quanto mais rápido o carro, mais gritava consigo mesmo. Não se importa com a curva que se aproxima.
Um muro branco e sólido se aproxima. De repente, escuro. Só escuro. “ Morri?” pensa desnorteado. Mas uma voz doce e estranha, como se ecoasse, responde que não.
— O que aconteceu? – pergunta em meio a soluços naquela escuridão total.
— Ouvi tudo o que disseste dentro de seu veículo.
— Eu bati o carro?
— Sim, bateste.
Ao pronunciar tal frase, fez-se então o ar mais frio, com um feixe de luz que apontava para a voz... Um anjo com asas prateadas enormes que começaram a brilhar naquele negrume. E então, a criatura diz:
— Terás uma nova chance. Um único pedido. Sabedoria te é aconselhada. Nova dádiva não há de acontecer.
Ele, atordoado, sem saber realmente o que acontece, abre os olhos com dificuldade.
— Verás quão nobre é a vontade Dele. Peça o que quiser.
— Qualquer coisa?
— Sim
Ele, cético, apenas fecha os olhos e balança a cabeça...
Ele não estava à procura de um novo amor. Ela não queria fazer aquele curso. Ele, sozinho; muito bem, obrigado. Ela, dona de uma beleza singular e inexplicável. Não viam muito mérito um no outro.
Ele fez de tudo para resistir a essa moça tão bela. Mas, como? Como lutar contra uma mulher tão exótica? Ele também não sabia a resposta. E não resistiu.
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