Já faz algum tempo. Não sei quantas horas. Mas já faz algum tempo. Sinto o ar descontinuar. Sinto dor nos meus braços, meus movimentos estão limitados. Como se eu estivesse numa pequena câmara. O ar está acabando. Tento gritar, mas a câmara é tão pequena que meu grito me ensurdece. Um colchão pouco confortável me rodeia. Panos. Panos por todos os lados. Tento me lembrar do que aconteceu antes d’eu chegar aqui. Eu estava doente. Eu estou doente. Lembro-me de algo grave, pois todos falavam comigo com pena. Eu odeio isso! Está tão ruim de respirar. Chamo por alguém, mas ninguém me ouve. Eu estou na horizontal, sinto isso. Bato três vezes no teto, mas é maciço atrás desses panos. Ninguém me ouve. Minha respiração é pesada. Tento respirar lentamente para que o ar dure um pouco mais. Mas é em vão. O ar já não é mais o suficiente. O oxigênio que nele continha já está no fim. Arranho com as unhas o acolchoado, tento atravessá-lo. Madeira! Tento arranhar a madeira, tento passar por ela, vejo que já não tenho mais unhas, elas ficaram no teto. Junto com as pontas de meus dedos. O ar está acabando. O escuro fica mais fosco. Mas foi só quando eu espirrei por causa das flores que notei que tinha sido enterrado vivo.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
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