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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Infância - Primeira versão

Faz tempo que eu não venho aqui, ainda mais com minha mãe. Costumava brincar nesse parquinho que fica de frente à casa da vovó – hoje não mais aqui - com uma grande amiga. Ela, sem deixar vestígios, parou de vir. Costumava ser logo após a aula. Brincávamos no escorrega, na gaiola, na areia, lembro-me – não sei o porquê - de que ela não gostava de brincar na gangorra. Ela adorava brincar de boneca. Ela não tinha nenhuma – apesar de se vestir como uma – e eu a emprestava sempre. Ela queria sempre brincar com a minha boneca mais antiga, a mais velha, mas eu nunca deixava. Era uma boneca muito antiga e foi presente da vovó. E logo que essa minha amiguinha sumiu, a minha boneca sumiu também.

Lembro-me também de que fui correndo para a casa da vovó, dizer-lhe que minha boneca foi roubada. Ela ficou triste, pois disse que era uma herança de família. Perguntei o que significava a palavra “herança” e ela me explicou. Fomos então até o porão, pois ela disse que teria outra boneca que poderia me dar.

Entrar neste porão após tantos anos ainda me dá arrepios... Estava cheio de poeira e lençóis cobrindo móveis velhos. Mas hoje, deparei-me com algo que não estava preparada.

Hoje, vi minha amiguinha pela última vez. Pintada num quadro pendurado na parede em um retrato de família. Perguntei para a mamãe quem era ela, e respondeu que era uma tia-avó dela que morreu quando tinha a minha idade. Disse também que aquela boneca que a vovó tinha me dado, era dela e que ela tinha perdido pouco antes de partir. Mamãe ainda comentou que achou engraçado a boneca aparecer no retrato, pois quando foi pintado, ela já tinha perdido. A vovó contou essa história pra mamãe que disse que poderia jurar que a boneca não estava no quadro.

Contei pra ela toda história da minha amiguinha que roubou a boneca, mas a mamãe disse que não se lembrava de nenhuma amiga minha. E que achava engraçado – apesar de se assustar no início – eu ficar conversando sozinha no parquinho.

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